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7 de abril de 2010

O dia em que o Rio parou ou, o Haiti é aqui

Sabe aquele filme 2012? Pois é, acho que ele se antecipou e resolveu entrar em cena logo...


Tudo começou com a chuva que caia torrencialmente desde ontem. O Rio alaga, o trânsito fica um caos... Até aí nenhuma novidade. Foi por isso que não me surpreendi quando abri minha janela hoje de manhã e dei de cara com a correnteza que havia tomado o lugar da minha rua. É em dias assim que você se dá conta que o seu bairro se chamar “Rio Comprido” faz todo o sentido do mundo. Me armei com minhas galochas e parti pro rio. Quer dizer, pra rua.


Fui andando inocentemente até o ponto de ônibus, com água até a canela, e fiquei esperando... Esperando... E esperando fiquei e não passava nada. Nem ônibus, nem van, nem kombi, nem um bote de resgate dos bombeiros, nada. Depois de 1h esperando comecei a desconfiar que ir pro trabalho poderia não ser tão simples assim.

Nisso o cenário começava a ficar meio caótico: carros desviando de ruas alagadas de ré, indo pela contramão, pedestres caminhando pelo meio da rua porque não dava pra enxergar mais onde era a calçada... Coisa bonita de se ver.


Resolvi então usar de outro estratagema e pegar o Túnel Rebouças. Peguei. E não larguei mais. Fiquei lá por umas duas horas mais ou menos. Parada, de ônibus, no meio do túnel. A única coisa que passava além dos motoboys era a imagem da minha cama e que eu não devia ter saído dela.

Nisso um monte de gente já tinha saído do ônibus e tava voltando a pé. Pensei com os meus botões: é mais seguro ficar sentadinha no ônibus esperando. Até uma senhora perto de mim comentar “É... Da outra vez que teve essa chuva toda desceram do morro e fizeram arrastão nas pessoas que tavam paradas no túnel...” Foi aí que comecei a mudar de perspectiva.


A cena era parecida com a daqueles filmes de catástrofe: uma fila infinita de carros parados dentro do túnel e várias pessoas fora dos carros, esperando, conversando com os vizinhos ou grupos nômades se deslocando no meio do caos. Fui com esse bonde.


Cara, quando você passa de carro você não se dá conta do tamanho daquela droga de túnel. É túnel pra cacete, e eu já tava no meio do SEGUNDO! Tô eu, a pé, andando no sentido contrário dos carros no meio de um túnel que NÃO TEM CAMINHO PRA PEDESTRE quando de repente os carros desaparecem. Os que estavam parados continuavam lá mas não vinha mais nenhum, algo tinha interrompido o fluxo e não tava vindo mais trânsito. Achei estranho, mas continuei andando. Foi mais à frente que, de longe, vi o que tava acontecendo: tinham interrompido o fluxo porque tinha um ônibus voltando de ré. E ele já tava quase terminando de fazer a manobra. Traduzindo: o fluxo de carros ia ser restabelecido e eu tava andando a pé num túnel SEM CAMINHO PRA PEDESTRE!


Não comecei a correr porque não seria adequado a uma dama, mas digamos que eu comecei a andar mais rápido pra evitar ser atropelada pela quantidade maciça de carros que viria na minha direção. Nisso o ônibus de turismo estava terminando a manobra de retorno (vulgo balão, baianada ou cavalo de pau, como preferirem).

Note que eu estava exatamente entre um túnel e outro, ou seja: ainda havia mais um túnel inteeeeiro pra percorrer E com o bônus do trânsito que ia ser liberado! Sendo assim as minhas opções eram:

  1. Me embrenhar no outro túnel a pé (e que aliás estava sem luz, pra aumentar a diversão);

  2. Ficar esperando no limbo entre os dois túneis pelo helicóptero dos bombeiros, ou construir um abrigo e viver lá;

  3. Me infiltrar no ônibus de turismo no meio de um monte de desconhecidos e fingir que eu era do grupo do passeio como se nada tivesse acontecido.

Então como eu estava sem lanterna nem meu canivete suíço...

A hora que o ônibus parar eu conto pra vocês onde estamos indo. ; )


PS: Este post era pra ter sido publicado ontem, mas como a Net lá em casa caiu... ¬¬